segunda-feira, maio 31

Samba Nega

Vamos sambar, Nega!?!
Que sambando a gente se entende
e o corpo compreende, o que sente.

Mexamos os quadris em acasalamento cadenciado,
vem com teu molejo que te chego.

Meu samba é sem lamento,
samba de roda, da terra do dendê.
Toco pandeiro de couro pro batuque não parar.
E abro alas pra você.

Vem,se quer samba
canta pra mim aquela canção que diz:
- quero morrer numa batucada...
na cadência do samba.

Vamos sambar, nega!?!
No meu terreiro você é quem manda
se sobe, se desce, se mexe, se embola.

Vem de lá, descendo escada que nem bicho com fome
encosta teu corpo no meu.
Devora-me!

E pra embalar a madrugada
copo cheio de mistura fina.
Metade é amor e outra malandragem também.

Delicie essa Lua cheia de maio,
foi a garoa que lavou nosso suor
mas teu cheiro ficou em minha pele.

Vamos, Nega!
Canta pra mim, agora baixinho, na cama:
- Lembra?
Samba e amor é até mais tarde...
sono a gente deixa para manhã.

domingo, maio 30

Eu te amo!

Eu te amo!
e tu, sabes?

Todos os meus versos são para ti.

Porque eu te amo todos os dias
e às noites também.

Eu te amo como a lua ao sol.

Eu te amo nas tardes.

Eu te amo nas manhãs.

Eu te amo sem começo, sem medida e em velocidade constante.

Eu te amo em prosa, verso e reverso

Eu te amo como tudo que existe, completamente.
Eu te amo,
eu te amo
e eu te amo.

Eu te amo e brado ao horizonte de sol poente
escutaste daí?

Meu amor existe, ele é seu e contigo ninguém divide.

Eu te amo e a teus erros também.

Eu te amo como você é, inteiramente.

Eu te amo e amor não é chuva passageira

Amo como rio profundo
que só aumenta se encontra com o mar, amar

Eu te amo no corpo e na alma

Eu te amo tanto, que de tanto amar
já não caibo mais em mim.

Estou a transbordar.

quarta-feira, maio 26

Lá no meu sertão

É sim,Moça!
Lá no sertão,
lá é como em tudo que lugar.

A saudade é cruel com o coração apaixonado
- igual que seca de mês.
Insiste, Moça!
Ela num deixa ir a paixão não

Ela, a paixão!Arre!
no sertão e tudo que lugar.
O corpo adormece sem amada
que nem que cobra em chão lascado de Sol
e sem palavra de amor “intoce”?
É lamúria só!

Coração apaixonado, ixe!
Ah!Esse...
esse carece,
esse perece,
esse padece,
esse adoece de doença se num tem correspondido.

Mas calma viu, Moça!
Que até paixão do sertão tem cura.
É pouco lento, isso é!
Mas num momento chega, viu?
E quando menos “cê” espera.

Eu não sou daqui, marinheiro!

Como se não pertencesse a essa terra
ou a esse tempo que se segue.
Vivo encontros meio desencontrados que me bradam
EU NÃO SOU DAQUI, MARINHEIRO!!!

Nessa busca sigo remando em direção ao além mar.
Estará onde a resposta minha?
Penso que somente aqui em mim está o que busco.

Sensação eterna de incompreensão, não entendimento...
E ainda o medo da prepotência, arrogância, do egoísmo.
Observo-me para não ser e não sou,
Ao menos conscientemente, CONSCIENTEMENTE!

Seres iluminados que me guiem para a percepção
Do todo como parte integrante de minha existência.

Eu sou o todo
O todo sou eu!

Chegue-me a luz das auroras
as paixões da penumbra.

Consciência expandida, relação
Mente sã, corpo são em espírito de luz
Harmonize-se minha tríade.

Feiticeira da Lua Cheia

Sou folha verde de árvore alta
da montanha da chapada,
ou do centro da cidade.

Balanço ao vento,
resseco ao sol,
sinto os elementos em mim.

Meu sangue é como rio de água límpida e fria
dilapidando os caminhados do alto paraíso.

Sentimentos quentes de vulcão em erupção
que se expande em nuvem intoxicante.
Sou mente gélida do mar
e suas profundezas de descobertas iminentes.

Ser natural-incondicionalmente mulher
Feiticeira manipuladora de energia e da carne
Meu corpo diz o que penso, sente o que sinto
Vibra meus pensamentos mais íntimos e desconhecidos.

Declaração

Veja, agora é claro,
te abracei despida sob a lua
envolta de perfume escolhido para ti.
Aquelas begônias foram para ti, sim
Ainda não vês?
Não sabes que és musa de meus poemas?
Poetas só vivem se apaixonadas
Vou te eternizar em mim!

Amantes e amantes

Lindos seres viventes de meu todo
Desculpem-me pelo não ciúme,
poucas vezes vi motivo para tanto.

Desculpem-me as lágrimas não derramadas,
minha tristeza não se traduz em drama vespertino,
sou muito mais as palavras.

Desculpem-me o amor não declamado aos seus tempos,
minha velocidade é outra.

Desculpem-me o excesso de compreensão e espaço
ainda não sabiam caminhar sem direção imposta.

Desculpem-me as noites de cansaço desmedido para contemplar suas belezas.

Desculpem-me as noites em que lhes deixei perder no cobertor,
suas peles eram e sempre serão o melhor manto a me cobrir.

Desculpem-me não entender seus sinais,
suas palavras não ditas e as ditas também,
mas sou muito melhor com traços e tintas.

Desculpem-me não ter gritado, bradado, xingado,
contenho minha energia em amar - lhes.

E lhes amei e amo plenamente, completamente e intensamente
De tanto amar me desfiz em mim mil vezes e me refiz como fênix.

Creio que a vida dá voltas,
caminhos se cruzam
e se desatam a todo tempo.

Deixo-lhes amores meus
preces de paz e descobertas,
preces de felicidade, liberdade e sorrisos soltos.

É partido amor

Assim partistes...distante
Deixaste para trás inebriante aroma de sal
Por que foges, amada?
Não sabes tu que rio corre para o mar?

Céu em tom de gris, mar ressaqueado
Há noites que vejo o dia chegar
Meus lençóis não têm mais teu aconchego
Sou sereia sem marinheiro naufrago.

Imaginas a dor da paixão?
És mulher, a soberana em território meu
Bela venha a mim, não prolongue minha espera

Lamento triste em dedilhar de violão
Minha melodia chega a ti pelas águas
Já não entendes minha canção.

Sem título

Agradam-me chuvas intensas
Ventos revoltosos sobre as árvores e através
Indocilmente tombam em solo encharcado
Despejastes aí semente de calmaria e silêncio

Amor meu, gota precipitada é dádiva da Deusa
Lavando a fundo alma cansada
Como numa chuva as avessas, inversamente
Vê-se lágrimas pela face rubra

Em pranto suave, triunfante
Olhos de ébano observam a chegada do anoitecer
Nuvens espessas, raios e trovões

Digo em sussurro, não se assuste bem-amada
Somente brisa marinha chegará a ti
As águas tempestuosas eu levarei comigo.

Admiração

Observo-te calada, em pura contemplação
Pensamentos alheios a minha vontade
Insistem em te moldarem nua
Expondo à luz dos olhos tua pele desenhada

Desejo carnal por saciar
Nossos corpos incandescentes bailando
Chamas unidas em dança sensual
Lentamente...vão abaixo a muralha que ergui

Passamos assim um dia de outono
Matando a fome desmedida que me preenche
Embriagada a La Baco

Quando surgir a aurora luminosa
Cantarão os pássaros nos despertando
Ao ritmo dos ventos incertos.